A coruja representa sabedoria; as borboletas e o beija-flor nos trazem recado do mundo espiritual; a cegonha é símbolo de fertilidade; a raposa representa cautela, esperteza ou astúcia. O cachorro é símbolo da lealdade e a cobra da traição. Os gatos são portais para outros mundos, os dragões são tidos como guardiões espirituais, enfim, sejam eles selvagens, domésticos ou mitológicos, os animais carregam forte simbologia através dos tempos e nas diferentes culturas dos diferentes cantos do mundo. Suas habilidades naturais são alvo de nossa admiração e, sem dúvida, ocupam um poderoso lugar em nosso imaginário. Ligados ao espiritual e sobrenatural, seus recursos se transformam em poder sobrenatural e se fazem presentes em crenças e religiões, como no Xamanismo, Cristianismo, nas religiões de origem africana, na mitologia grega e na astrologia.
O povo cigano – um povo místico por essência – está em comunhão constante com a natureza e dela aprendem toda sua magia. Sendo assim, é natural que a simbologia das cartas ciganas traga o poder dos animais para arte da interpretação da vida e do destino. Temos nas cartas ciganas oito animais que representam diferentes situações, sentimentos ou características humanas enriquecendo de forma única o universo desse oráculo. Seguindo a ordem em que aparecem nas cartas, vamos falar brevemente sobre seus diferentes significados. Importante lembrarmos que a interpretação de cada carta aqui citada é muito mais rica, pois varia de acordo com o contexto do jogo em que está inserida. Dito isso, vamos lá.
O primeiro animal é a Cobra (carta 7). Ligada à traição, deslealdade, infidelidade. No Cristianismo, a serpente leva Eva à desobediência a Deus, ato que custaria nossa expulsão do paraíso. Por essa razão, a cobra é relacionada à traição, infidelidade e deslealdade, mentiras. Por trocar de pele, em algumas culturas, está relacionada a mudanças e transformação. Por produzir veneno – que também pode ser transformado em remédio – em alguns lugares está ligada à medicina. Por seu poder de sedução, nas escrituras pode ser ligada ao desejo sexual. Nas cartas ciganas, a lâmina da Cobra anuncia situação inesperada causada por alguém traiçoeiro, um ato de traição – sendo ou não sobre assuntos amorosos. Trata-se de uma carta negativa.
Na carta 12, temos os Pássaros, também conhecida como O Tempo. Normalmente os pássaros aparecem em casal ao lado do ninho – algo que está sendo preparado para que o novo chegue – representam a vida sendo tecida, gerada e cuidada. Essa carta é muito positiva, anuncia um tempo de boas novas chegando, notícias boas, respostas, enfim. Lembra o poder do tempo que estará agindo a favor da vida e dos fatos. É preciso dar tempo ao tempo para que a vida realmente aconteça.
Seguindo nossa trajetória, o próximo animal do baralho cigano é a Raposa – carta 14 – a cautela. Essa carta representa a necessidade de ter cautela com situações ilusórias. Pessoas falsas e astutas que sempre agem com interesses escusos em sua própria causa podem estar na vida do consulente trazendo-lhe desilusão e prejuízo. Aponta para uma situação – seja na vida afetiva ou nos negócios – que pode levar o consulente a cometer um grande engano. A raposa também está ligada a pessoas ardilosas que não têm a menor intenção de cumprir palavras ou promessas. O Urso, carta 15, animal de força e poder que tem a sabedoria de reservar suas energias para sobreviver ao inverno através da hibernação, ou seja, representa renovação, resistência e poder espiritual. De acordo com alguns estudos, o urso teria sido um dos primeiros animais a serem referenciados por nós. Apesar de grandes e poderosos, apresentam um lado doce e acolhedor, daí também terem sido transformados nos cobiçados “ursinhos de pelúcia”. Também podem representar perigo, pois são animais ferozes em sua natureza. Nas cartas ciganas, representam força, determinação, resiliência e proteção. Dado a sua ferocidade que pode surpreender, em algumas situações podem representar perigos escondidos e inveja.
A Cegonha, carta 17, como na lenda escandinava, essa ave é o símbolo da fertilidade, gravidez. O pássaro é responsável por deixar os bebês em suas casas. Também representa mudanças chegando na vida do consulente. A carta 18 é representada pelo Cachorro e fala de lealdade e fidelidade. O cachorro tem um espaço grande de carinho e devoção em nossas vidas, para muitas pessoas, é parte da família. Sua devoção e seu amor são admiráveis e inquestionáveis, justificadamente, é portanto, símbolo de amizade e lealdade. A próxima da lista é a carta 23, O rato, animal que representa doenças, prejuízos, perdas financeiras e situações muito complicadas das quais demoramos muito para detectarmos as verdadeiras causas. O rato age às escondidas, nos cantos escuros, nos lugares escondidos. Está associado a lugares insalubres, homens desonestos e a ações indignas. Expressões como “você é um rato”, “rato de esgoto”, “seu rato” revelam situações desagradáveis. Agem em silêncio deixando rastro de miséria e prejuízo. A carta 23 – O rato – representa perdas, prejuízos sérios, situações que podem corroer a energia ou a prosperidade do consulente.
Os peixes, na carta 34, normalmente carpas, representam fartura e abundância, entrada de dinheiro. É o último animal do baralho cigano. O peixe está ligado à espiritualidade, intuição e prosperidade. No Cristianismo, representa a imagem de Cristo. Na Astrologia, através do Signo de Peixes, simboliza o subconsciente, pois habita a profundeza das águas do oceano.
A simbologia ligada aos animais é constituída de um repertório imenso em que suas habilidades e recursos naturais são vistos e referenciados por nós como formas de poderes misteriosos que fazem de cada um deles um mestre que nos ensina muito sobre a vida que nos devora em nossa fraqueza. As cartas do baralho que são representadas por animais possuem significados importantes que contribuem para que possamos fazer uma leitura fiel e interpretação mais aprofundada do jogo.
Seja como for, estudar mais sobre o que os animais representam no mundo da espiritualidade pode acrescentar muito a quem está nesta jornada de descobertas. Os animais são exemplos de como a vida é simples e sábia, basta que conheçamos nossa essência e respeitemos nossa própria natureza.
Boas coisas, sempre.